Oportunista e adaptável, 'Aedes aegypti' avança


SÃO PAULO - Ele tem cerca de meio centímetro, vive só 30 dias, mas foi declarado neste ano o inimigo número 1 do País pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro, motivando uma força-tarefa que deve visitar todas as casas do País em 40 dias. Por trás dessa aparente fragilidade está um mosquito que chega sem fazer barulho, foge ao perceber qualquer movimento e consegue ingerir duas vezes seu peso em sangue. Ele ainda bota até mil ovos, os distribui em diferentes criadouros para aumentar a chance de manutenção da espécie e, principalmente, é oportunista e sabe se adaptar bem nas adversidades.

Esse conjunto de características fez do Aedes aegypti o principal transmissor de doenças em ambiente urbano. “É um mosquito discreto, raramente notado quando pica, e muito arisco. Ele foge com qualquer movimento mais brusco e não emite zumbido que possa ser ouvido pelos humanos. Além disso, os mosquitos passaram a modificar seus hábitos em função das mudanças da rotina dos hospedeiros. O Aedes, que tem hábitos diurnos, pode passar a picar mais à noite, pois há uma tendência de as pessoas dormirem mais tarde”, diz Rafaela Bruno, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz, da Fiocruz.

“O que faz do Aedes uma praga urbana é a grande capacidade que ele tem de se adaptar ao ambiente doméstico. Ele passou a preferir criadouros artificiais, vive bem dentro das casas e está se adaptando a temperaturas mais baixas”, diz o biólogo Alessandro Giangola, coordenador das ações de controle da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. Leia abaixo as respostas dos dois especialistas às principais questões referentes ao mosquito.